risco


para G.G.

evito escrever
para não deixar-te ir
evito matar-te
em letras tortas
apontadas
fincadas
em mim
já não sei mais voltar
e ir não há
apenas uma espiral
cuja saída
é uma breve
brecha
um átimo
dos meus lábios
buscando em algo teu
uma razão qualquer
de ser
uma frase -
“ne regrettez rien, rien, faites taire toute
douleur, ne comprenez rien...”
estendendo aqui o nada
um resto dele
um riso
um olhar de través
o barco adernando
os meus pés sobre o convés do navio
você ancorado
e a dor. calando por fim
o horizonte
aberto. em queda. sem traço
uma só linha torpe
entre nós
o risco dele
o céu. o mar.


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