a vida à beira do tejo




a vida à beira
do tejo
é
perigosa –
já nem isso – tocar
o horizonte
a fronte do homem
as costas doloridas
e os meus horrores
intransponíveis
da vida à beira
do tejo
onde os níveis sem rima
entre nós
esse tejo algo algoz
a vida à beira
da língua
negra do tejo
que me come
ao albatroz
sobre a nuca
um nunca visto
a paisagem assim à beira
do mundo
sem pórtico
ou passagem
um tejo sem saída
sem caravelas
sem vista
à terra
uma beira funda
a vida
uma vida à beira
do tejo
é perigosa

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