a reunião das segundas-feiras com o augusto

livros de chumbo de Anselm Kieffer

elza vai continuar fodendo todas as noites
enquanto vocês
em suas ereções ops reuniões
inteligentes dizem
do futuro inglório das humanidades
das razões que levaram elza morar aqui embaixo
do porque não importa discutir a vida de deleuze
mesmo sem um pulmão
vou ter que dizer foder e não
aceitarão
as minhas falsas desculpas
na mesa do jantar
a minha vulva continuará acoplada aos movimentos aberrantes
que lhe impõe elza
sobre a relva da revolta sairão
daqui
os infelizes
manet
os injustos
o déjeuneur
e os invejosos
[logo, como diria artaud
quase toda a humanidade]
e l'herbe
danando nossas existências
por fim fora do quadro
longe da cena
nas luzes pálidas
dessa hora sem porvir
restará

numa espessa
resistência oblíqua de tudo
o que já não vale
o sem-valor por fim proliferando
danando-nos
acoplando-nos a um número maior de vaginas
a minha e a de elza
aos movimentos aberrantes
que os senhores na sala
de jantar
não comem
na reunião não falam
e nem eu nem
elza
que agora agarramo-nos
sem volta
aos muros
e vingamos
com galhos
pequenos
e delicados
mas profundos
furos. só vistos depois que nós mesmas formos abolidas
da parede lisa.
agora toda perfurada.
como sempre foi
a sua casa.







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