a primeira elza
queria hoje escrever para a elza. mora aqui embaixo. na rua. escrever como o seu vomitado. de ontem. escrever feito chão. ou pano. escrever de estômago. tudo revirado. para a barriga sem pão do seu joão da minha infância. queria escrever bonito pros amigo sem salário. queria que escrever virasse a mesa. e o salafrário. essa tal de ceia que chamam. queria que escrever fosse um jeito de chamar. uma chamada. uma chama. não a luz. queria as casa vazia e todo mundo na rua. comendo e bebendo junto. queria que cada letra virasse em forma de pranto ou de prato. cheio. queria escrever o vazio mas sem brio. apenas ele. hoje no meio da gente. assim parado. tipo um existente. queria escrever tudo isso que a gente insiste. que não existe. mas está. tipo estátua. fantasma. tudo o que corre. igual criança. e escapa.
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