pelô amor
baiana no bairro do pelourinho bahia brasil |
sou aquela baiana sozinha no pelourinho ao madrugar, sou a bandeja cheia de acarajés, sou um acarajé, porque gosto da palavra, sou um camarão seco, a pele retinta, sou retorcida, rachada, revirada, no santo sou aquela pedra limosa, sou o limbo verde, a cauda, o rabo do foguete, sou aquele vazio do mar calmo daqui, sou um vento de nada na cara da gente, sou as BRs ocupadas, sou a liga, sou vestido rasgado de flor, sou do campo, sou aquela mulher que foi estuprada ao lado dele, sou aquela que você deixou há pouco, sou a menina com cara de ódio de quem tiramos uma vida, pedindo no posto da esquina uma moeda, sou a cara da moeda, morta em prata, sou a mesa farta sem pés, a cadeira em falso, sou seu cadafalso, a vertigem da vida, sou a porta entreaberta, sou o homem na estação, sou o seu não todos os dias, sou a hora morta do tempo, sou esse peixe vermelho de madeira dentro do quadro, o quadro, sou a moldura, o meio vazio, sou a parede, o prego, o buraco.
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