modos barraca, de viver [apresentação]

foto Ana Kiffer



modos barraca, de viver é um projeto que me toca em muitos cantos. ainda a serem explorados. ele surge em meio ao golpe e às ocupações das escolas secundaristas. diante de pátios de acampamento. de um horizonte de barracas. como uma onda. também nesse momento em que a liga camponesa fechou várias estradas da bahia. eu estava em salvador. ali aonde pulsa um desconhecido que me habita intimamente. a vida dos orixás. um tanto tomada por essa insurgência da terra. outro tanto pelo mar. esse ser anfíbio que sou. entre tantos. atravessada também por uma vontade grande de repensar novas heterotopias. as divisões do mundo não apagaram-se. multiplicaram-se em muitas pequenas partes. as fronteiras não diluíram-se. talvez vivamos numa proliferação indefinida delas. o que obviamente as torna mais tênues. de linhas mais finas. porosas. ou mais facilmente transpostas. aí também esse modos barraca, de viver. exterior e indomável. refugiados. novos campos. novos modos de fazer passar. e de não deixar passar. quero olhar para todos esses campi. há também um fato afetivo. diz de um ficar mais a vontade em modus barraca. quando encontro pessoas simples. de um mundo não acadêmico. nem intelectualizado. ou abastado. talvez algo das minhas origens. neta de sapateiro: http://www.revistapessoa.com/artigo/2234/neta-de-sapateiro
de imigrantes pobres. algo da minha mãe morta. e da minha mãe viva. de santo. negra. que me ofertou finalmente uma brecha. em meio ao invivível do mundo branco.
mas tem também outro algo. de uma língua som. ritmo. esse retorcido que a palavra mesmo quando parada no meio de um poema canta. sem voz. muitos dos textos do modos barraca passeiam entre a prosa poética e algo que talvez toque às canções. ou algo como um canto silencioso. em meio às letras caindo. mas ainda assim ali fixadas.
um tanto ainda vai se desdobrar nos caminhos que esse blog abrir. e testemunhar. fazendo sobre essa morada precária uma passagem. uma rota em fuga. uma passagem é sempre uma rota em fuga. uma arquitetura móvel. sem ossatura. ainda aqui um corpo-carne. e pulsação. modos barraca, de viver.

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