modos barraca, de viver [1]


de cabeça 



seu corpo ao chão
mergulhava
os pés
dobravam
a cabeça a frente encostava. num ponto.
preciso dele
indecifrável
onde uns tem o solo
outros a erosão.
pedia as armas que saíssem
dos caminhos. ali abertos
a pedra o chão a cabeça
a pedra o chão a cabeça
a pedra o chão
do corpo frágil
decepado
o animal à beira
da porta da estrada
o lado de cá o de lá
e o canto
o lado de cá o de lá
e o canto
retornavam.
a ya
ô ori ô
ara
ô ori ô
a ya
o frio sedimentado nos anos
a divisão
funda
essa coisa a que chamamos
sem querer mais -
o homem.
de onde
saio
de onde saio
saio sempre
com a precisão
o ruído
com a precisão do ruído rudimentar
da vida.
saio sempre.
da hora
do desejo
retardar trôpego do tempo
as nossas separações invadem
infindável
infinita
inscrita agora neste ato
como viver-junto do poema
como viver-junto
sem dizer, justo-como viver aqui
nesse poema injusto
herdado.
não há palavra
no ponto
onde não há palavra.
a cabeça e o chão
entre a fartura e a desilusão
a nossa fratura.
degolada
à beira da porta
do animal
entre
o homem
eu
você.
ricos e pobres - palavra
insuficiente
palavra
o ponto
a cabeça e o chão
é essa erosão
da palavra
agora
e aqui – retraço de restos
da fome que -----
[ela
berra
estrangulada. ela berra estrangulada. ela berra estrangulada. a injustiça. o sem nome.ela berra estrangulada]
a cabeça fincada
e o tridente aberto
a deglutir o irreparável.
nunca mais voltarei nunca mais voltarei
nunca mais voltarei
ao mundo
dele
dizer. nunca mais voltarei
sem ter ainda
a palavra
dizer. nunca mais voltarei
à linha tênue
que nos separa
viva
do corpo sem cabeça
que entregamos
ao solo erodido dos homens.
ao solo erodido dos homens.
mortos pela palavra.
lavrar ou viver morta
como os homens
não basta
como os homens não basta.
denúncia.
nem dizer. termo.
o moer preciso. do que se fala. pára.
resta o ruído rudimentar do frio solo erodido.
ôri ô ara.

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